A ampulheta, a guilhotina, e o não paraíso

Quando imagino o passado, todos os pesares se sustentam. Nego-os, pois não posso usufruir suas mudanças, mesmo que as tente, sei que não, não é assim. E a cada tempo que passa, o que ainda é ruminado, faz-nos derreter nossas células, envelhecer, sendo assim desusados. Crer na velhice como uma sabedoria, é tão enganador, pois levo este engano a minha imagem. Prefiro acreditar (como já foi escrito), na divisão singular da humanidade; os miseráveis, aqueles que procuram num todo, a sua bem quista situação financeira, sendo forçado para isso, se abster aos seus desejos...ínfimos, e... sobre os extraordinários, assim como sua raridade de um em milhões de anos, deixe estar...
Os exemplos são repetidos, com nenhuma fagulha de mudança mas, tornando-se velhas, mesmo que intocadas, não através do tato, e sim pela areia do tempo, pela ampulheta infinita que vira e revira. A desobediência incrustada, também escapa, e a guilhotina de segundos após segundos vai ao céu. Quem era o meu sedutor, há não ser eu mesmo com um sorriso entreaberto e de soslaio? Prefiro ainda ter morrido no ventre.
Quando soube do pecado mortal, conhecimento adquirido na infância, imaginei que seria difícil não cometê-lo. Então para uma criança, morrer jovem seria uma boa maneira para se levar ao céu, claro que, sem cometer o pecado que lhe expeli do paraíso. Envelheci da pior forma. Me exteriorizei simuladamente, e quando envelhecemos aliás, é a única coisa que criamos um grande conhecimento... simular, fingir!
Queimei os cabelos, pois não tive forças de trancar a respiração num pequeno lago, nem vi a cobra que poderia me engolir. O escarro para mim já não é maçante, e me previno ao me masturbar envenenando meus hereditários.
Ora, ora! Envelheci da pior forma.



2 comentários:

Anônimo disse...

a única coisa que criamos um grande conhecimento... simular, fingir!

não consigo comentar esse , rsrsrrs.

Anônimo disse...

Poderia fazer a ligação entre este texto e a ilustração de Samuel Beckett... o passado é isso... passado...não há um passado pior ou melhor... assim como também não há um futuro pior ou melhor... porque a cru tudo que há e que nos pertence é presente!

Bravos ao texto... muitos ao título!! Escrita tão comprovada!!;)

Um OBRIGADA pelas belas palavras no meu blogue, foram um bálsamo à minha escrita!*