Alusões, não Ilusões. E uma foto perdida

Tapei os ouvidos para os barulhos indulgentes, num sossego descriminado.
Quero apenas ouvir algo vindo de você, da maneira que me foi dito quando não nos conhecemos.
Ainda não nos conhecemos!

Mas me resguardo de minhas verdadeiras intenções, num silêncio aparente. Lhe clamo, sem te ver, sem ao menos ter-lhe tocado, de saber que o café está sempre frio. A cama sempre arrumada.
Sois uma cria dissemelhante, e teu dorso reflete-me...

Em cartas inacabadas; em letras que agora não entendo; em desejos que caminham inseguro; nas dúvidas que não existem por si só. Que nome poderia te dar, a não ser, Nunca ?
Lembro-me do Sonhador, em seu passeio pelas ruas geladas de São Petersburgo. Talvez possa lhe contar sobre mim, ou sobre nós. Sei. Você não existe!

Mas, que tormento é este?
Por que não se entregas há mim, nem em meus sonhos?

Desde agora não cochilo mais. Fechar os olhos.
Oh! minha apertura.
Penso apenas, em carregar seu corpo para o jazigo, do qual em minha tribulação lhe destinei.

Com sinceridade e amor!

Atenciosamente, T. B.

03/06/1969