A imagem se contorcia. Era o reflexo da água no teto branco, um pouco amarelada de sujeira e com quinas abstratas, não conseguia imaginar nenhuma forma. Pensava com um cigarro, com um café amargo, com as pernas trançadas e ouvindo o barulho do esguicho d'agua... sobre um jovem que, tendo o rosto todo transfigurado, observavasse no espelho. O rosto me veio como o homem elefante do Lynch. Mas precisava encontrar um outro rosto, o meu próprio, um outro qualquer, deformado ou não, que tivesse algo meu. Estou debilitado, imaginei. Esquecendo o rosto e refletindo agora sobre o meu maldito formato facial, quase demoníaco, que num todo é sádico...esqueçam!
Meu personagem passageiro me veio sem extrapolos. Acho que o café foi a causa, ou alguém que vi passar. Da última não cogito pois, não olho mais para cima ou horizontalmente, não ouso. O chão onde caminho, o Judas peregrino que não me sai de minhas costas, me pesa. Observo apenas o chão, e um dia escreverei um conto sobre todas as pedrinhas que encontrei e que as chutei e as quais tive vontade de engolir ou chupá-las. Será um conto romântico, creiam. Ahhh...Uma mulher que inseri pedras na vagina, e dar de presente para seus pretendentes. Melhor este. Qual jovem irá ler um conto aqui escrito, se não faço uma sinopse com um tom sexual? Leiam malditos, mas não será a pedra desta donzela que receberão.
Percebo agora. O personagem horrível que se olha no espelho, não olha para seu rosto. O que vê, são determinados pontos ou ponto, ao qual ele percebe sua beleza. O seu olhar é, imaginando algo ou alguém que o possa enxergar. O personagem, até mesmo eu, tenho asco. Tenho por ser um imaturo, por não conhecer o interno humano, por não me interessar, por não enxergar razão nem poesia em tal observação...numa verdade maior e trémula, por meus personagens serem eu. Até mesmo a garota, sou eu.
Por meu rosto, ainda não ter sido descoberto, o personagem viverá eternamente observando o espelho.
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