Dispensar sem vontades

Algo em mim desintegra-se paulatinamente, em breves e breves repousos.
Tenho acordado tarde, e me levanto apenas por causa do calor exaustivo. O acordar tarde, não seria uma preguiça. E sim pois, por não conseguir dormir à noite. O meu corpo sempre na ânsia de deixar seu trabalho natural com ainda células tão jovens, precisa de minha vigília, para quê, no raiar do sol o meu psicológico perturbado se convença de que morrer nesta noite, agora não!
Mas sinto que, sempre que acordo, um pedaço de mim se descola, sem reparos.
Levanto-me, tomo um banho, escovo os dentes, lambuzo o rosto com algum creme, almoço, e sinto uma grande vontade de me deitar e de deixar mais um pedaço de mim.

"Sou uma casa que dispensa sem vontades, apenas pelo vento, suas telhas tão velhas!"


Sempre repito simples frases sobre mim. E me absolvo.

Me troco para sair, para me interessar por algum lugar, por alguma coisa. Nem a arquitetura me surpreende, nem os rostos me surpreende, então... fico banzado, e novamente, para onde ir, se não há, se não sou o vento, sou a casa, destelhada.

Nesta noite tão cedo, tentarei dormir profundamente. Se os meus pulmões demonstrarem cansaço, não me absterei. Fecharei apenas os olhos, e imaginarei uma casa sem nenhuma rachadura.

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