Recôndito

As crianças corriam, esquecidas de seu tempo há pouco. Riam com os olhos cerrados, com a cabeça prostrada e os braços balaceando.
Seus mundos não exigiam dívida, seus sonhos eram a visão clara de seus sorrisos, e seus sorrisos a dádiva do prazer de então viver.
Até que houve a tragédia de crescer. E crescer representa se perder, tatear, vendar-se...
Rostos inexpressivos e sentimentos recônditos.
A criança agora lê Albert Camus e se encontra desejável. Prepara o amanhã, o representando na fotografia de uma estação invernal. Suas roupas pesadas e seu cachecol, deixa-o mais bonito.
Ele apenas se prepara. Prepara-se para partir e olhar para trás, olhar a cada passo e a cada passo tentar ao menos, expulsar suas lágrimas.
O homem deseja agora fechar o livro e iniciar um novo conto.
Um conto de uma criança, que esquecia seu tempo de agora há pouco.



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