Após me observar num longo espelho que nunca notara ali, desconheci que aquilo fosse eu. Como uma benção erguida da penumbra, pudesse estender o milagre da salvação para meu corpo, para meu ser? O reflexo era real, até que ponto?
A farsa seguida de um desejo inconstante, da mudança, de um agora não, do desejo saciável de um lábio que não transmita mentiras, de um corpo que não transmita através de seus poros apenas álcool, de uma mão que não seja invisível ao tocar-me, e de um corpo que não trocasse de cabeça sempre que sai de casa.
Como fui belo através do reflexo! Como desejei a beleza, através de meu pensamento! Quantas cordas penduradas agora refletem, e balanceiam em tons musicais menores!
Oh! querido Jó. Tu sabes a dor das feridas, tu sabes mais que eu, mais que todos. Tu sabes pois, teu espírito foi criado apenas para fazer parte de um jogo banal, para dar exemplos aos doentes...como eu.
Outra vez a luz, outra vez a poeira que se ergue, e olho para o meu corpo "real" deteriorado, o de sempre. Percebo que o reflexo é a mentira, e murcho, e deito na cama úmida de urina e fezes. Tentei escapar através da fresta. Acreditei que fosse Ele por instantes, num aviso sutil de poeiras que escapavam, simples poeiras que escapavam de um ar pesado. Era tarde para mim, a dor aguda retorna, e a desejo pois, também entendia sobre minha mentira.
O que vi, o que desejei, o que senti, o que toquei...havia morrido na companhia de uma mosca.
E expirei, bem fundo!
2 comentários:
Eu expirei bem fundo no final...
Você suas frases:
Mas lembro, felizmente, e voltar se torna ir novamente.
:)
Escrita tão peculiar!*
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