Três dias ao meu lado. Talvez, suponho que, já estivesse cansada de meu cheiro, minha voz, de minha barba, meu café, a água gelada do chuveiro...
Compreendo esta sensação, lhe atribuo até mais, uma sinceridade em seu sentido expresso e até mesmo comovente em certos pontos. Não vejo mais dramaticidade. Não cansaria nunca, de lhe ver fumando em minha sala seus cigarros fedorentos que me deixam cansado...vale o esforço pela cena, seu ar cinematográfico, a suavidade do movimento. O cigarro vai a boca. Puxa a fumaça. Sopra. Vai até o cinzeiro novamente. Que hipnótico!
O maldito olhar sem severidade, os sinos que tocam com o movimento de seus longos cabelos, a mulher cativante e esquecida de antigos pensamentos, sua admiração, seu contorcionismo que adere com seu sorriso por bobagens surreais e de matérias sem importância.

- Como você está? - Ela fala já entrando sem permissão
- Serei discreto. Não falarei, nem ruminarei pensamentos. A bolha está aberta - Em três dias apenas lhe falei isto.

As mulheres se tornam felizes quando convivem no silêncio. Foi o que imaginei. Tirei a prova dos três. Não precisam de orgasmos e sim de...silêncio, nada de clímax, sémen. Estou enganado senhoras e senhores? Não precisa dormir numa pocilga para conhecer os porcos.
Começo a desforra? Desculpem. Não se pode falar com nenhum ser, que possua o coração amargurado. Já falei isto antes? Então me calarei novamente. Não por três dias, e sim por três décadas, três séculos...
Mas...três dias encheram minha mente de imagens, de coisas que serão lembranças. De quê, deitado, sozinho em meu quarto criei tal mulher, tal encantamento que agora não é mais secreto.
Ela me presenteou com seu lápis de olho preto, que usarei em alguma noite qualquer. Bem, talvez o lápis sempre tenha sido meu.

8 comentários:

Anônimo disse...

gostei deste.

Traum Bendict disse...

O blog Escadas Horizontais, aceita qualquer tipo de comentário.Para os que gostam ou não dos textos, assim como, do próprio escritor.
Mas...por favor. Sem anonimatos!

Anônimo disse...

...e até o exato segundo em que este texto foi escrito, para o autor, as mulheres gostam e são felizes no silêncio.
Ele pode ter mudado de idéia segundos depois...
Mas independente se ele mudou ou não, ele não é melhor, mais certo ou menos se pensa ou deixa de pensar que todas as mulheres gostam ou não do silêncio.
Escrever está além de certezas e verdades...aliás, prefiro as frases tortas e que caminham quase sempre de encontro ao erro.
Podemos ser românticos, toscos, idealistas, ingênuos, pois há a liberdade para SER, dentro das linhas.
E gosto de pensar, principalmente, e me dar o prazer de ser assim também, fora delas, na vida.

Poderia terminar com algum sarcasmo, mas acho muito mais corajoso ser gentil.

Me diga se Dostoiévski não é enjoadamente pessimista.
Clarice loucamente complicada.
Bukowski por demais machista.
Keats exageradamente romântico.
Oscar Wilde comete erros drásticos ao falar das mulheres.
Tolstoi por demais religioso.
E mesmo assim eu li todos e vivi um pouco o que todos sentiram e agora tento sentir um pouco o que é para Traum uma visita à sua casa.
Se eu quisesse que ele visse as mulheres como eu mesma as enxergo não teria graça, um monopólio de sentimentos se grudando um no outro, apenas isso seria...

Anônimo disse...

P.S.:
É complicado escrever e dizer o que se pensa, pois podemos mudar de opinião (ou não)depois e o que dissemos antes já surtiu efeito para outras pessoas.
Quando deixamos algo escrito ou falamos para alguém ouvir é por que queremos que ouçam e que pensem sobre.
Pode não ter a intenção de ser uma verdade, mas teve a vontade de ser transmitida.

mas sabe, tudo isso no fim parece filosofia, e torna-se um tédio discutir sobre verdades e opiniões, rsrsrrsrsrsr...

Como diria Bjork:

"Comportamento Humano"

Se você alguma vez chegar perto de um humano
E do comportamento humano
Esteja preparado (esteja preparado) para ficar confuso

Não há, definitivamente (definitivamente, definitivamente), lógica alguma
Para o comportamento humano
Mas, ainda assim, tão (ainda assim, tão) irresistível

E não há mapa algum

Eles estão terrivelmente mal-humorados
(Comportamento humano)
Então, de repente, ficam felizes
Mas, oh, se envolver na troca
Das emoções humanas é sempre tão (sempre tão) satisfatório

E não há mapa algum

Comportamento humano...

Traum Bendict disse...

Bétula...é um ser-humano?
Parece que não!
Seu comentário deveria ser a postagem
(rs)

Anônimo disse...

Concordo em parte, mas achei lindu.
Não havia mais coments aqui?

Traum Bendict disse...

Havia sim Aneika.
E foi deletado por não tratar do texto aqui escrito, e sim, por uma tentativa de tratar assuntos pessoais, que não havia relação com o blog!

Talita disse...

Discordo quando o Traum diz "... as mulheres gostam e são felizes no silêncio" .... (comentário polêmico este não??)

Sinceramente acho que o Silêncio é o momento mais pertubador de uma mulher.


Porem, concordo que o comentário de Bétula deveria ser uma postagem... rs

O P.S dela onde diz que é complicado dizer o que se pensa é perfeito...

Assim questiono... Traum vc já se arrependeu ou mudou de opinião no momento seguinte em que postou um texto?

Acho que é exatamente isso que difere um autor de um leitor...