"Podemos explorar o pecado. Sentir-se abismado com ratos que desejam subir pelos canos de seu banheiro. Cortar seu cabelo com uma faca não afiada. Se esforçar em não levantar e mesmo assim, levantar. Podemos explorar a fé!
Até mesmo a fé. Podemos enganar Deus ou lhe machucar? Dêem, sim, um alfinete!
Deverei algum dia, talvez num domingo ou numa segunda. Acordar cedo, sentindo um pouco de felicidade, o mínimo possível. Desejarei que todos estejam dormindo, não me vejam sair e que eu escape. Feliz, o mínimo possível!
Rezarei, terei paciência, irei me preparar. Mas, hoje tenho medo. Tenho medo que me vejam chorando aos berros, e que tais ecos se espalhem por toda sala sagrada. Dirão:

- Um pecador, um pecador. Ele está salvo, perdoado, o filho chora, chora por que seu pai agora lhe estar abençoando.

Não, não dirão isso. São católicos. São quietos. Somos a igreja. Sem estardalhaços. As igrejas dos negros que faziam isso antes. Protestarei.
Os cânticos com seus orgãos que vibram a espinha dorsal e instiga nosso sistema nervoso me fará lacrimejar.

- Eu peço perdão senhor. Estou tão longe de casa, de minha família, de ti, de ti senhor. Não sei o que lhe dizer. Dizem que lês pensamentos, que não precisamos bocejar, pois escutas nosso coração, nosso interior, a alma...se a tenho! Não posso ser Jó. Eu peço perdão senhor. - Eu direi

Sairei antes do pão e sangue de cristo. Lembro-me das velhinhas sussurando. Das imagens que me possuíam de uma fé desconhecida, de revolta, por ver o menino Jesus, sua imagem, sangrando deitado e dizendo: "Eles não sabem o que fazem."
Só irei na verdade, após as badaladas, após todos darem as mãos e...a paz de Cristo.
Acreditem, não é zombaria. É a religião em que fui criado. Em que fui educado. Onde aprendi há admirar minha vida, as pessoas, e que agora como um velho rabugento com ossos doentios e próximo da morte, clama perdão!

Talvez eu vá numa segunda. Na oração das almas. Talvez lá encontre a minha, e lhe direi que não mudei, mas que reconheço o meu pecado."

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