Eu, que tu conheces tão bem


Hoje, enquanto lavava a louça, me permiti fazer o que a muito não faço: imaginar.
E fiquei me lembrando do que você havia dito, sobre como seria seu futuro perfeito, o que me fez pensar no meu também. Mas esse não é o caso.
Fiquei imaginando você... sentado numa cadeira de madeira confortável e robusta, escrevendo numa máquina antiga em cima de uma escrivaninha, de madeira também. Ao lado, uma janela que dava pra um jardim, que antes era florido, e agora estava coberto pela neve do inverno, com uma árvore grande, velha e esquelética, mostrando apenas os galhos nus sem folhas, com uma lareira queimando grandes toras de lenha... um som baixo ao fundo, podendo ser Joy Division ou Beethoven...e ao lado uma espreguiçadeira com um chale e uma mulher (sim essa foi a parte que me instigou).
Fiquei pensando no que você disse sobre as prostitutas, e pensei, nós nunca mencionamos isso antes. Não falamos sobre sexo e coisas que, no mundo de hoje é normal e até primário numa pessoa falar. Não conheço esse seu lado.
Mas enfim... é só imaginação, que me levou a pensar nisso... Sinceramente nem sei porque comecei esse assunto... acho que por falta do que fazer (mentira, tenho muito o que fazer).
Deixa pra lá, boa noite!
Amo-te!
Eu, que tu conheces tão bem



*Em algum momento, em algum lugar? Uma nova carta que encontrei, na "nova casa" onde estou.
A carta não contém endereço, nem nome... apenas um coração enorme, pintado de batom preto e um beijo (provavelmente doce) ao centro.
Comecei a derrubar as paredes do meu quarto. Procuro por todos os lugares, mais uma motivação em escritos de pessoas que conheço... em instantes.
Mas tudo, já fizeram anos. Nem mesmo sei. Tenho o rosto dela em mim, e o seu belo vestido que ela mesma fez para um show que tanto aguardou.

T.B

As razões e O Algo quando sei

Passei a maior parte do tempo, por um longo tempo... mordiscando meus dedos. Havia uma necessidade de não sentir, não tatear o quer que seja. Mas também bafejei, para acalentar-me.

-Posso inspirar? (Lavando o que resta das mãos)
-Não. Expirar... saiba que você está, onde sua ânsia se admite, onde não precisa ser tão jovem.
-Mas sinto uma falta. Preciso inspirar e até, se possível lhe dizer, que sei bem quem sou.

Não existe sangue escorrendo com a água. Há algo! Perceptos?

Criei com alguns cuidados vínculos tais, que aos poucos apagavam de mim: minhas impressões, meus orgãos, minha sanidade serial, a imbuída crença nascente, a linguagem, os et ceteras.
Quando resolvi apenas expirar.

-Você compreende que não adianta lavar-se? Qual a intenção de manter-se limpo?
-Quero apenas adregar... sentir-me longe. Se possível lhe dizer, que sei bem quem sou.

Tive hábitos com o passar de sombras. Sabia que estava em cena, mas não era, Esperando Godot. Era o cotidiano de um mordiscador, onde me encontrava na terceira pessoa e oblíquo.
Eu pedi apenas algumas vezes, dancei com O Algo nas mãos, implorei como uma virgem ao ser penetrada. Não quis!

Eu não quero, pois sei muito bem...quem sou.



Sua nudez em 24 horas

Quero ter mais, mais 24 horas
Será preciso desligar o abajur
Viver, viver, não mais que 24 horas ou segundos